quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Praticar exercício físico de intensidade moderada ajuda a prevenir variadas doenças

E se lhe dissesse que pode usar o exercício físico como uma espécie de vacina para prevenir algumas doenças ou como um medicamento para tratar outras?
Se escolheu a primeira opção está no bom caminho. Efetivamente o exercício físico é fundamental para se manter saudável e tratar diversas doenças.

Esta é a opinião defendida pelo American College of Sports Medicine, que decidiu fundar o grupo Exercise is Medicine, com o objetivo de integrar o exercício físico como cuidado de saúde.

O grupo começou o seu trabalho nos Estados Unidos há já dois anos e está a alargar as suas fronteiras para outros países e, em Portugal, os primeiros passos foram dados em Setembro. Adrian Hutber, vice-presidente da organização e fisiologista do exercício, aponta diversos benefícios do desporto para a saúde.

Reduzir o risco

«Um estudo publicado no ano passado mostra que a inatividade física é um dos principais fatores de risco isolado de morte por doença crónica evitável mas, apesar disso, o exercício físico continua a não integrar o sistema de saúde da maioria dos países», afirma Adrian Hutber.

É essa mentalidade que querem mudar, ou seja, querem aproximar médicos e profissionais do exercício para que os pacientes tenham ao seu dispor todas as armas para lutar contras as doenças. «O nosso objectivo é que o exercício seja prescrito como parte integrante de qualquer tratamento», explica Adrian Hutber.


«Hoje sabe-se que o exercício físico não só tem a capacidade de diminuir significativamente o risco de ter várias patologias crónicas, tais como a diabetes, a hipertensão, a obesidade e até de doenças cardiovasculares e cancro, especialmente o cancro da mama e do cólon, como reduz também a dependência de medicação nos doentes que sofrem desses problemas, por isso, queremos apostar na prescrição do desporto como se de um medicamento se tratasse», acrescenta.

Eleição pessoal

A escolha do exercício é uma opção estritamente pessoal. «Cada um de nós deve escolher o que quer fazer e o que funciona, ou seja, não interessa tanto o tipo de atividade que se faz, mas a intensidade e a regularidade desta, desde que não se ponha a saúde em risco», afirma o fisiologista do exercício. 

«Por isso, se gosta de correr, corra; se gosta de andar, ande; se gosta de nadar, nade; se prefere tratar do jardim, dedique-se à jardinagem; ou se gosta de passear o cão, faça-o. O segredo é fazer de algo de que goste, caso contrário, o mais provável é desistir ao fim de um tempo», acrescenta o especialista.

Os últimos estudos científicos demonstram que dedicar 150 minutos a uma actividade física moderada por semana é o mínimo exigido para se conseguir retirar todos os benefícios do exercício para a saúde. «Temos de pensar no desporto como um medicamento, ou seja, temos de o “tomar” nas doses certas», realça Adrian Hutber.

Sozinho ou acompanhado

Para aquelas pessoas que dizem não ter tempo para despender os tais 150 minutos por semana, o fisiologista do exercício tem a solução: «Integre-o na sua rotina diária, pode, por exemplo, estacionar o carro a dez minutos de distância do seu local de trabalho e caminhar a pé até lá e regressar ao final do dia, não é obrigatório inscrever-se num ginásio, já sabe que o importante é o tempo e a intensidade». 

Para Adrian Hutber, o benefício de fazer exercício acompanhado por um treinador é a motivação que este transmite.

«Mas o importante é que as pessoas se mexam, caso prefira ter um personal trainer é importante discutir com este os seus objetivos desde o início, ou seja, se está a praticar desporto para ser mais saudável, se quer melhorar o seu corpo ou a sua performance física», realça.

Desporto à medida

Quando questionado sobre a necessidade de se ir ao médico antes de iniciar uma atividade física, Adrian Hutber afirma que não é obrigatório: «Primeiro, aconselho a fazer o Par-Q Test (para fazer este teste, clique aqui) e, consoante o resultado, poderá ser necessário ou não». 

Se tem um problema de saúde aí o caso muda de figura: «Deve não só ir ao médico, mas também a um fisiologista do exercício, que em conjunto podem ajudar a encontrar a melhor atividade para si, mas mais uma vez é importante que fazer algo de que gosta», sublinha o especialista.

Mas em qualquer dos casos, «se está já há algum tempo parada comece, qualquer seja a modalidade escolhida, lentamente e vá aumentando gradualmente a intensidade e se sentir mal pare de imediato», revela Adrian Hutber.

Benefícios do exercício

Vários estudos científicos demonstram que o desporto desempenha um papel importante para diminuir o risco de algumas doenças:

- É tão eficaz a combater a depressão como os antidepressivos e a terapia comportamental
- Pode reduzir o risco de cancro do cólon em 60%
- Reduz a incidência da diabetes aproximadamente em 50%
- Pode diminuir, cerca de 50%, a mortalidade e o risco de reincidência do cancro da mama
- Diminui a incidência das hipertensão em 40%
- Reduz, em 40%, o risco de desenvolver a doença de Alzheimer
- Baixa o risco de AVC para 27%

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